sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O Repórter Fotográfico


Por Zé Beto

A maioria fala pouco, ou melhor, o mínimo necessário. Não precisam de palavras. Não precisam do treino para escrever. São privilegiados pelo dom de olhar, clicar no momento exato e aquela imagem será mais que o principal na reportagem impressa no papel ou na tela. Ela vai traduzir dentro da alma de quem está vendo o que as centenas de palavras da moldura vão se esforçar para explicar. Talvez por isso há uma guerra surda entre o repórter e o fotógrafo. Talvez por isso o da imagem seja chamado de repórter fotográfico, e aí ele já sai ganhando. Há o respeito, sim. Porque um não vive sem o outro. É uma relação de amor não declarado - e nessa, o apaixonado é o da imagem, porque nem ele sabe explicar a razão de a fotografia bater na hora, no fundo do coração e o levar a fazer o clique mais que mágico. Esta paixão nos revelou mestres que saíram das oficinais dos jornais, das boléias dos carros de reportagem, ou tirou das pretinhas repórteres promissores que se encantaram com o de mais simples, difícil e direto. Eles têm o olhar radar de emoções, de linhas, de luzes, sombras, cores, vida, enfim. Que inveja boa! Ainda mais vinda de um cabra que entrou nesse mundo por causa dela, a fotografia de reportagem, e acabou para sempre nas letrinhas, mas nunca deixando de declarar que o amor primeiro está ali. E por essas linhas tortas e maravilhosas conviveu e convive com os grandes talentos, aqueles que, provavelmente, são grandes porque frequentadores da escola da vida, seja ela no andar de baixo, do meio ou de cima. Citar todos que me tornaram um pouco mais repórter, um pouco mais experiente, um pouco mais gente, e ainda o fazem, na figura dos mais jovens, os talentos que pipocam por aqui, seria impossível porque por menor que tenha sido a parceria na busca da notícia perdida, expressão das boas, porque é assim mesmo, seria cometer injustiça com os não citados. Depóis de trinta anos de estrada a gente olha para tras, edita e chega à conclusão de que, obrigado Deus!, tivemos muita sorte de estar ao lado nomes consagrados no fotojornalismo brasileiro e aqueles que nem pessoalmente conhecemos, mas recebemos as imagens para a publicação no modesto espaço do blog e nos emocionamos quando elas tomam conta da tela do computador. Um clichê sempre é bem vindo nestas datas queridas. Pois vai lá: todo dia é dia do repórter fotográfico. Eles sabem disso, daí a companheira, agora digital, sempre à mão, sempre atenta ao coração. O que nós, o público leitor, eu diria que "vedor" tem que fazer é apenas reverenciar e agradecer o que eles nos oferecem, resultado de paixão, de dedicação, de vida dedicada ao que se gosta

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto, parabéns pelo dia de vocês, profissionais admirados por eternizar através das lentes, momentos as vezes rápidos demais para ficar na lembrança sem "aquela" fotografia.