domingo, 14 de março de 2010

O mau cheiro da falta de consciência

Fotos e texto: André Luís Rodrigues

A Rua Mateus Leme, na altura da Rodovia dos Mineiros, faz uma bifurcação e continua bairro adentro por trás do cemitério do Abranches. Desemboca na Rua Maria de Lourdes Mickosz e por fim, assume o nome de Eugênio flor que vai até uma ponte, perto da Rua Prodócimo Lago, bem na divisa com o município de Almirante Tamandaré. Nesse caminho, o número de casas diminui conforme se aproxima a região metropolitana, o perímetro urbano vai dando espaço a pequenas chácaras e gente de hábitos mais simples. Propriedades com matas formadas por eucaliptos, pinos e araucárias dão o clima de estrada.

Ate aqui ou ali, nada de incomum na mudança urbana e social quando diz respeito à aproximação da região metropolitana. Mas; entretanto, é justamente nesse trecho da tal Eugênio Flor, com ar bucólico, que indivíduos aproveitaram e a transformaram num deposito de lixo, entulhos e local de desova de animais mortos ou abandono de vivos.

Quem passar por ali, logo vai sentir o cheiro nauseabundo ou vai se deparar com ratazanas e cachorros abandonados em busca de abrigo e alimento nos sacos pretos. Nas curvas da pequena estrada, além dos buracos no “asfalto” é possível encontrar colchões, restos de espumas, troncos, sofás, materiais de construção, ferragens, pneus e todo um grande volume de entulhos dos mais diversos.

Os poucos moradores da região possivelmente não são os infratores e até pelejam contra a ação desses descabidos. A colocação de placas de proibido jogar lixo, indicando crime enquadrado na Lei Municipal nº. 7.833/91, é uma delas. A rua, que fica aos fundos para um condomínio fechado, recebe constantemente a visita, principalmente no fim de tarde, de pessoas que encontraram ali o local ideal, distante e escondido para dar vazão ao lixo. O alerta é ineficaz, assim como a lei sem a devida fiscalização e aplicação. Grande paradoxo: uma lei que não é possível fiscalizar ou sequer dar um flagrante com a devida punição. Resultado: denunciar não vai fazer muito efeito.

De praxe, o que vem à mente é jogar a culpa em alguma prefeitura. Mas a coisa não é fácil assim. E pior, mesmo que a prefeitura faça roçada, limpe as ruas ou faça podas em árvores, não adianta um fazer sua parte e outro não. Ou seja, do que adianta um lugar limpo, roçado, se há seres imbecis que vão lá e jogam os restos indesejáveis no mato.

Tal desleixo e falta de tato com a natureza e, claro, com os moradores da região pode ter um retorno natural: proliferação de insetos, mosquitos, entre outros invertebrados e, consequentemente, doenças. Não por menos, entre elas, a temida dengue, já que à beira da estrada há um grande número de pneus e latas acumulados de água.

O lixo domiciliar, entulhos e resíduos industriais têm seu lugar certo que, com certeza, não é a continuação da Rua Mateus Leme, nem por menos a Rua Eugênio Flor. Abandonada faz anos, tornou-se há muito depósito de lixo indesejado. Por tratar-se de uma rua com jeito de estrada abandonada, filha desprovida de órgão público e de civilidade ou uma consciência ambiental que olhe por ela, vale o apelo à famosa conscientização “for please”, porque eu não sei o que fede mais: o lixo ou a falta de consciência dessa cambada de sem-noção.









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