quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

S.O.S Santa Catarina

No momento dessa travessia, todos se uniram, bombeiros militares, comunitarios, militares do paraná, para ajudar o velhinho a atravessar a corredeira.
Aspirante Nascimento, do corpo de bombeiros de Curitiba.
O repórter João Carlos Frigério em Gaspar/SC.
Fotos: João Carlos Frigério

"Sei que muita gente já falou sobre isso, mas queria ainda dizer sobre o meu lado pessoal, desde que voltei de lá, não fui mais o mesmo, parece que uma parte de mim ficou lá, fiquei por pouco tempo na região de Gaspar e mesmo assim vi tanto sofrimento, tanta dor e sempre fui um cara muito humanitário.

Conheci um grupo de pessoas, seres humanos, como eu, que nos dias que estive lá pensei, eles não podem ser humanos, são mais que isso. Seres que após 3 dias de luta e persistência se mantinham em pé, incansáveis guerreiros que não paravam 1 minuto sequer correndo alucinadamente para socorrer as vítimas dessa tragédia. Seres até desprovidos de um treinamento apropriado para a situação, mas que colocavam toda a raça, toda a vontade, a gana, a persistência para salvar pessoas desconhecidas que precisavam de ajuda. Vi arriscarem suas vidas, trabalhando muitas vezes instintivamente, porém, desconheciam o medo, agiam e rapidamente salvaram centenas de vidas. Estou falando dos guerreiros que trabalharam em Gaspar, dos bombeiros comunitários e militares. Cada depoimento que me falavam era emocionante, eu imaginava a situação. Muitos correram riscos que só depois eles perceberam.

O depoimento que mais mexeu comigo, foi quando um bombeiro comunitário me disse: “Estavamos socorrendo uma mulher, e foi difícil, eu já estava a 3 dias sem dormir, estava esgotado, e quando tiramos ela da água, eu não tinha mais forças, foi quando algumas pessoas começaram a aplaudir e agradecer pelo que fizemos… Eu não estou ganhando nada para estar aqui, e naquele momento, consegui energias de onde eu não tinha, e o que eu senti dentro de mim, nenhum dinheiro pode comprar, é algo indescritível…”

Acho que não precisa dizer mais nada, parabéns guerreiros, parabéns super homens e super mulheres que salvaram tantas vidas, foi uma honra ter estado ao lado de vocês, e no meio de uma tragédia tão grande ter presenciado esse momento."

de João Carlos Frigério

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei... Parabéns pelo trabalho João

Carlos Henrique

André Rodrigues disse...

É de conhecimento geral a tragédia ocorrida em Santa Catarina, nas regiões de Florianópolis, Itajaí e Litoral Norte do estado, que foram massacradas pelas chuvas, contabilizando centenas de mortos e milhares de desabrigados. Após o drama inicial, houve um levante de boa vontade e solidariedade do povo brasileiro em prol dos irmãos catarinenses com a arrecadação de toneladas de alimentos, roupas, remédios, etc. Mesmo diante de novas previsões de chuva, que fogem ao alcance da ação humana, fica a imagem do otimismo, solidariedade, a vontade de ajudar, a união, o desejo de reconstruir. E é aqui que se deve encaixar o bordão ‘brasileiro não tem preguiça’, ‘esse é o verdadeiro jeitinho brasileiro’, o jeitinho da cooperação, da pluralidade, do orgulho nacional e individual, da verdadeira fé racional em busca de novos caminhos e de um país diferente e melhor. Esse, com certeza, é o brasileiro que realmente existe em cada um que está aí na experiência vivida por Carlos. É a imagem que deve ser mostrada. E mesmo que venha a tempestade, a solidariedade, a unidade e a força prevalecerão; reconstruiremos tudo. E o sol vai brilhar.